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Expatriada: Viver, recomeçar e reconstruir

Às vezes manter-se em uma mesma rotina, em um mesmo ciclo de relacionamentos ou até mesmo naquele emprego que não te faz feliz, pelo simples fato de não querer ter o trabalho de "ter" que recomeçar do zero, é muito ligado ao comodismo. Ter que construir [qualquer] relação do chão é trabalhoso, requer dedicação, paciência e, sejamos sinceros, um pouco de "saco". Mas nessa vida expatriada que escolhemos e abraçamos viver, recomeçar e reconstruir é praticamente um requisito.

Pense bem, perdemos nossas referências básicas de locais e pessoas. Não que nada mais exista, mas as coisas com as quais estávamos acostumadas ficaram para trás, distantes de nós. É aquele momento em que nos perguntamos: Ok, o que realmente quero ser? Quem realmente sou? Pode soar filosófico demais, mas a realidade é que num momento de mudanças e recomeços, talvez essa seja a chance que temos de buscar e realizar um um sonho por muito adormecido. Ou tirar aquele projeto de anos atrás do papel.

"Ah, mas não é assim simples", você vai me dizer. Não, realmente. Pode ser que de primeira, ao chegar, a adaptação não seja fácil, a língua não ajude e a saudade aperte. Porém existem alguns anjos espalhados por aí dispostos a nos ajudar nesse processo, a destrinchar e a entender o que queremos e precisamos, que nos fazem enxergar novamente nossa real capacidade enquanto ser humanos e profissionais. Eles nos fazem ver que nossa magnitude e grandeza sempre esteve lá, nosso potencial de crescer e desenvolver é enorme e, por isso, nos encorajam a sermos nossa melhor versão. E assim, mesmo que devagar, redescobrimos os prazeres nas pequenas coisas, como andar pelos canais, sentar em um café ou fazer compras no supermercado. Aprendemos a dar valor ao sol. Sim. Se antes no Brasil ele era subestimado, hoje, cada minuto de sua aparição é um evento, uma oportunidade de se jogar no chão da sala e pegar um quentinho ou se grudar nas janelas até a próxima nuvem passar e cobrir ele novamente. Talvez algumas de nós crie coragem e vá estudar outra língua. Requer dedicação, estudo e coragem. Aprender uma terceira língua através da sua segunda língua, fazendo traduções para sua língua materna.. É complexo (ainda estou neste processo). Mas é tão satisfatório poder ler e entender as coisas ao seu redor, conseguir responder nem que seja uma pergunta simples, ou passar por um menu no telefone sem esforço. Dá uma sensação de vitória.

Se ajustar à uma nova realidade não é algo simples, afinal. É um esforço mental e físico. Precisamos aprender a lidar com as inseguranças e medos para enfrentar o mundo em uma nova realidade, sua nova realidade. Nós optamos por não desistir. Aprendemos que sempre terão dias de verão e inverno, dias bons e ruins. Há dias em que sair é uma alegria sem tamanho, a cidade diverte e sempre temos a oportunidade de nos arriscamos a falar holandês. Mas tem dias em que o sofá é o melhor amigo, mesmo com o sol lá fora e está tudo bem. Dias em que nem o inglês quer funcionar. São dias em que nós só precisamos de um pouco de autoamor e autocuidado. Vivemos um eterno caso de amor e ódio, e vale dizer que as crises intensificam durante o inverno. No inverno, com tudo cinza, molhado e frio, não há quem ame. É um exercício de resiliência. É quando contamos os dias para a chegada do verão, das flores, dias longos de sol e temporada de piquenique no parque.

E sabe o que é bom saber? Que sempre que precisarmos em um momento de dúvida ou falta de confiança em nós mesmos, teremos esses anjos prontos para nos ajudar.

Pamella Amorim Liz

Escritora, mestre em história e cozinheira. Mora em Amsterdam há quase 3 anos e adora a vida entre tamancos, chuva e tulipas.

Se o seu processo de ajustamento está difícil, você está perdida e não sabe que passo dar, e isso a impede de viver a vida de expatriada que você quer, pode ser que seja a sua hora de pedir ajuda. Visite nosso Website e veja de que forma podemos ajudar você.

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